domingo, 25 de novembro de 2012

AINDA O LIVRO DO G3

Como escrevi ontem, fiz gazeta na apresentação do livro do meu Amigo G3, entretanto tinha falado com ele ao telefone dando-lhe conta da minha indisponibilidade para estar na Livraria aquela hora, a desculpa que lhe dei então não era completamente verdadeira, pelo que hoje me fui explicar no cara a cara, como aliás tinha ficado combinado, quando cheguei á sua casa por volta das 11 horas já ele me esperava, feliz, não pela minha visita mas por me poder dar conta da maneira como decorreu a apresentação do livro.
Então foi assim; Papelaria completamente cheia de Amigos, coube ao comum Amigo e Camarada Fuzileiro, Mário Manso as palavras inicias, a que se seguiram as do Tavares,  Autor do livro, palavras essas que me foram lidas por ele hoje na visita que lhe fiz, entre os presentes estava um Oficial muito respeitado pelos antigos Fuzileiros, o Comandante Patrício, faltou á chamada, ainda sem explicação, a Filha do General Delgado, de quem o G3 foi guarda costas.
Como o autor do livro foi ao tempo em que o mesmo se refere o terror personificado dos Militares na Guiné, temia-se que aparecesse por lá algum contestatário, o que não aconteceu.

Li o livro todo ontem, foi uma directa nas suas 200 páginas, queria certificar-me se a bota condizia coma perdigota, isto é, se o que ele me contou estaria ali ou se ele aligeiraria alguma coisa para não levantar ondas, isto porque alguns dos que lhe deram força para passar a papel a sua história, foram o que se pode chamar Militaristas convictos, situação que não casa bem com desertor e ainda agravado pelas historias que se contavam sobre os feitos do  G3 que para além de grande atirador, teria sido instrutor do P.A.I.G.C. deixando a sua marca nas árvores das florestas da Guiné, com o nome gravado nestas, mas pelo que li não notei diferenças entre o falado e o escrito, talvez com uma nuance, no que se refere ao então seu comandante na Guiné, o descendente de alemães Van Snyder, que até de fuzilamento o ameaçou, mas calculo que a aproximação recente entre os dois o terá arrefecido um pouco.
Outra coisa que não percebi, e o G3 também não mas deve ser defeito nosso, a recusa do actual Presidente da Associação de Fuzileiros, receber o livro deste Sócio, para posterior venda na Sede da Associação no Barreiro, por segundo ele, precisar de o ler em primeira mão, para ver se não há lá nada a criticar a Marinha.

Como se a Marinha não fosse criticável, está acima de qualquer critica esta instituição? o 25 de Abril já aconteceu á mais de quarenta anos meu amigo, se alguém tem autoridade para criticar a Marinha é o G3, e sabe porquê meu caro Comandante Lhano Preto? Porque a Marinha o mandou-lhe vestir a roupa civil quando estava estava preso á sua guarda na cadeia Militar do Alfeite, e sabe para que o mandaram vestir a roupa civil? para o entregarem á P.I.D.E., onde levou toneladas de porrada como eu próprio testemunhei quando após uma  dessas sessões de massacre o devolveram á mesma prisão Militar, os factos de que era acusado eram Militares, portanto seriam os Militares a tratar do assunto, pois não havia um Tribunal Militar para julgar estes casos? portanto senhor presidente da direcção da Associação de Fuzileiros, o senhor foi muito mal, nesta sua atitude que diria, foi mais papista que o Papa.
Para os interessados no livro, o titulo é: "O HOMEM A QUEM CHAMARAM G3"  foi lançado pela Livraria Barata na Av. de Roma nº 11 Lisboa, ontem ficou esgotado, mas acredito que amanhã já haverá mais, e para quem faz compras através da Internet, penso que também aí estará disponível.
 
 

5 comentários:

Tintinaine disse...

Vou ficar à espera da minha cópia para depois fazer a minha crítica.
Eu que andei a escrever a história dele quando todos o julgavam morto, tenho curiosidade em ver quantas asneiras vos andei a impingir.
Não que eu seja culpado, pois me limitei a ir reproduzindo aquilo que me iam contando.

Valdemar Alves disse...

Como só li as primeiras 20 páginas (gratuitamente aqui net)... poderei apenas dizer e muita reservadamente que haverá sempre "ambivalent feelings" sobre qualquer elemento das Forças Armadas, que durante a Guerra Colonial, tivesse passado para o lado de lá... Mas como todas as histórias há sempre o outro lado da moeda e antes de chegar a conclusões esperarei pelo livro e por pareceres mais sábios que os meus.

Edum@nes disse...

Realmente, essa do Presidente da Associação de Fuzileiros, pretender lá fazer venda do livro deste que não faça criticas à Marinha, já não estamos do tempo do Salazar, embora alguns não lhes falte vontade de a esse tempo regressar. A critica por enquanto no nosso país ainda é livre! Agora faltas tu escrever o teu livro! Creio que tens matéria e talento para o fazer. Também terás muitas histórias para contar referentes à passagem pelos fuzileiros. Uma boas outras menos boas. Mas todas serão interessantes?

Bom dia para ti, amigo Virgílio, um
abraço
Eduardo.

Desiludido disse...

Eu tive o prazer de falar com este filho da minha Escola quando regressei de Angola 4° DFZE. Ele estava preso no Corpo de Marinheiros . Contou-me vàrias peripécias das quais os anos apagaram mas lembro-me que disse que foi feito prisioneiro e nunca fez fogo contra nossas tropas.
Desejei-lhe boa sorte e nunca mais o vi,pois que retornei a Angola.
Ninguém de nos que passou pela Briosa a vai criticar mas sim a muitos "camelos" que eram piores que Salazar o qual serviam com o coraçao na mao.
Tenho dito,boa saude a todos os bons que fizeram esta Guerra a qual diziam defender Portugal. Mon Cul OUI!...
Manu

Albertino da Costa Veloso disse...

Quem pensa que com o "25 de Abril" se acabaram os salazarismos está redondamente enganado. Esta da recusa à livre circulação dum livro, que até poderá ser polémico, é mais uma prova disso. E disso quero voltar a falar, mas em blogue, se a disposição e o discernimento me ajudarem. Procurei ontem o livro, em Coimbra, e não o consegui adquirir, embora me tenham informado de que "já anda por aí". Enquanto não chega às minhas mãos vou-me entretendo com "HONRA E DEVER" do Comandante (ou Almirante?) Alpoim Calvão, também ontem procurado e encontrado em Coimbra.